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Cases inspiradores: conheça a trajetória do artista Pedro Driin no mundo da arte

Pedro Driin é desenhista, tatuador, criador de uma linha de produtos e designer gráfico com mestrado em Artes Visuais. No sentido puro da palavra, Driin é artista.


Desde criança, a arte servia como uma válvula de escape para o artista e o desenho sempre foi sua maneira de se comunicar. Natural de São Paulo, Pedro Driin chegou em Florianópolis aos 18 anos. Com uma prancha e uma mochila cheia de tinta, teve que descobrir a influência do mundo por conta própria e, assim, começou a desenhar cada vez mais.


A Durasein conversou com o Driin para conhecer mais sua história e entender onde ele encontra inspirações para realizar seus trabalhos incríveis. Confira a seguir:



Primeiro, você poderia fazer uma breve apresentação de quem você é?


Não importa a superfície, tela, parede, mural ou pele, minha relação com o mundo é através do desenho. Em 2000, quando a tatuagem entrou na minha vida, comecei a rentabilizar o desenho. Além disso, passei a entender a responsabilidade de desenhar no corpo das outras pessoas.

Nunca tive emprego formal, sempre trabalhei com arte desde o início, então tive que fazer transbordar o lado artístico para poder suprir minhas diversas demandas. Na época, não tinha o Google pra pesquisar inspirações, tinha que buscar em diversos lugares e sempre foi muito desafiador.


Temos um país em que a arte é cada vez mais banalizada e rotulada como desnecessária, apesar de termos uma potência artística muito forte. Temos que demonstrar uma capacidade gigante de nos reinventar diariamente.



Suas artes em murais são sempre muito impactantes, qual é o projeto que te deixou mais realizado e que você tem mais orgulho?


Os murais maiores sempre me trouxeram um impacto maior, então tenho três ou quatro murais relativamente maiores que me deixaram muito feliz. Por outro lado, como a gente teve a pandemia e, aí, aquela história da morte muito presente e o nascimento da minha filha, inspirou uma última produção de quadros que foram quase como orações para mim, que me ajudaram a passar por aquele período de maneira leve e forte. Fiquei 8 meses imerso, dentro de casa, produzindo um trabalho questionador sobre muitas coisas.


Não tenho um exato porquê na realização dos meus desenhos, eu faço. A comunicação através da arte é muito grande e às vezes a gente nem entende porque aquele desenho mexeu tanto com a gente.


Está um caos social gigante na vida mas também há uma abundância. Apesar de ainda estarmos muito atrasados, a gente tem um grande potencial de abundância. Meu trabalho fala muito dessa abundância dos locais, espiritualidade, riquezas da vida.



Sobre sua linha de produtos Viida: como é o seu processo criativo para criar essas peças que misturam arte com moda?


Eu tento pensar em quem vai gostar de usar, quem está produzindo e qual o impacto disso na minha vida e dos outros, no sentido estético de comunicação. Se você parar pra pensar, numa tribo indígena, o vestuário é arte. Tudo tem processo artístico envolvido.

A roupa é comunicação, ela tem que te comunicar. Então, quando penso nessa produção penso em comunicação.


E na área da tatuagem, o que você gosta de transmitir nas tatuagens que você realiza?


Tenho uma linha própria de desenhos que gosto de produzir, mas a energia é bem de artesão. Eu aprendi a lidar com a tatuagem de uma maneira bem específica. Apesar de ter meu estilo próprio, no momento estou servindo àquela pessoa, para deixá-la mais forte e bonita no sentido simbólico das palavras. É aquela coisa de botar no externo o que você tem no interior.



Qual você acha que é o maior bloqueio à sua criatividade, o que você faz para resolvê-lo?


Meu maior bloqueio é não estar criando. Estou criando há todo tempo e meu maior bloqueio é não estar em ação. Meu maior problema é não poder estar criando o tempo todo e ter que cumprir funções e papéis sociais.


Quais são alguns lugares surpreendentes que você procura inspiração?


Música. Para mim, o fio condutor da inspiração é a música. E, claro, eu adoro o ser humano, o retrato da figura humana. Gosto da complexidade humana.


Além disso, atualmente busco minha inspiração numa religação com outro plano.

Luz, amor, e Viida: essas são três palavras chaves para meu trabalho.



O que você acha que precisa evoluir no mundo/mercado da arte?


A arte para mim é divida em:

- Campo da arte: produção e criação, que acho que é incrível.

- Mercado da arte (venda), que eu acho que está cada vez pior, pois estamos simplesmente seguindo as tendências de mercado.


Se você analisar o movimento punk e o grafite, tudo era vandalismo na época. Hoje, tudo está no mercado e ficamos muito obedientes. O mercado faz carinho no ego e às vezes mata seu lado artístico.


Arte é expressão humana, feita para tocar outro ser humano. Como melhorar? Consumindo dos artistas e valorizando os artistas, tentando ouvir o que os artistas estão dizendo. Hoje as pessoas compram mais arte, mas ainda há que melhorar.



Algum conselho para oferecer aos criativos que procuram mais felicidade no seu dia-a-dia?


Um: não tentem se “inserir” no mundo da arte, façam o seu próprio caminho.


Dois: acredite no seu projeto a longo prazo, nunca vai ser sucesso logo no começo, é um processo.


Três: fale sempre do que está dentro da tua alma, do teu coração. Arte não é só para ser belo, é pra ser forte e tem que comunicar. Não tenha medo de comunicar, experimentar, produzir, produzir e produzir. Deixe de lado a insegurança e faça.


Por último, mas, não menos importante: esteja ao lado de pessoas criativas que estão a fim de entrar na mesma loucura que você. Viver de arte é pular de um abismo: em algum momento você sabe que vai voar, mas não há nenhuma garantia prática de quando isso vai acontecer.




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